Ano novo? 28.01.22

Marcela Mazetto
2 min readJan 28, 2022

--

E cá estou novamente, à beira do abismo: deveria arriscar?

A dúvida é recorrente e contínua: será que dá pra aguentar? Será que vai dar pé? Será que dessa vez vai dar certo? Será que é mais uma queda dessas que o ar demora pra voltar, que a vertigem vem, a cabeça afunda na escuridão fria e tudo é esmigalhado em um silêncio devastador?

A incerteza, o meio termo, o morno, aquele questionamento, talvez já esteja errado?

Vários desejos, dúvidas e questionamentos permeiam minha cabeça em uma noite gélida de sexta-feira. Me lembro de respirar.

Fragmentos da realidade me trazem para o momento.

Seguro meus sentimentos, seguro minha língua, seguro minhas demonstrações, seguro minhas inseguranças, que escapam por entre meus dedos, por palavras engolidas, por choros não rompidos ou mal interpretados em uma quarta-feira à noite perdida na memória.

O pós já é traçado: vários copos de chopes amargos, “uma ipa pra subir mais rápido”, sexos ruins e insignificantes, noites vazias, conversas na calada da noite, situações indesejadas e movidas por um tesão reprimido, tão cheio de humilhações iminentes.

A cara lavada, a mesma playlist, Dua Lipa me ensinando novamente a não ser trouxa mas também que é possível amar novamente. How many more times?

O tempo passa e o encanto empobrece, como uma ferramenta que perde a graxa com o passar dos anos, como um brinquedo velho que é esquecido no fundo do armário, como eu mesma, sempre como a terceira, quarta opção.

Todos vão passando e eu continuo passarinho. Será que você sofria como eu, querido Quintana? Sem respostas, continuo…

--

--

Marcela Mazetto

Jornalista, feminista, emputecida e exercendo a expressão no limite (ou não).