A longa e sinuosa estrada

Marcela Mazetto
2 min readOct 13, 2022

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Dias chuvosos mexem com a minha sanidade.

Minha ansiedade, paranoias e piores medos surgem das profundezas mais inanimadas da minha alma, apodrecendo e danificando tudo o que há de positivo.

Penso sobre a vida: nem sempre é como queremos, na verdade, na maioria das vezes não é como planejamos, porém, seguimos…

Sigo aceitando o destino, mas mesmo assim, me esforçando para moldá-lo como uma argila em minhas mãos, com a rapidez necessária de quem sabe que pode secar a qualquer instante.

Nem sempre é tão simples assim ter essa perspicácia e compreender as curvas mais sinuosas, quando existem penhascos e até mesmo quando vamos dar de cara com aquela rua sem saída.

Entre trancos e barrancos penso nas milhares conversas de bar, nas madrugas longínquas e todos os sonhos que foram perdidos ou sabotados.

Às vezes me pergunto qual é meu destino, se muitas vezes a resposta não está debaixo do meu nariz, naquele sinal ignorado ou até mesmo naquilo que não foi dito.

Ter a certeza da presença, do equilíbrio e da constância são peças-chave para acalmar meu coração, e ainda assim, questões impossíveis de se guardar há sete chaves.

Lidar com a sua partida, antes mesmo dela acontecer, é como ignorar aquela pilha de louça suja, que só cresce e no final, quem vai ter que resolver sou eu mesma, como sempre.

A dualidade entre aproveitar as experiências da vida me mata, afinal, como sei que essa é apenas uma questão temporária ou se você vai estar aqui, amanhã e depois de então, para segurar a minha mão?

Eu converso com o Universo constantemente, pedindo que uma rota e caminho sejam estendidos na minha frente, me curvando as intempéries do tempo.

Ainda observando a avenida à minha frente, encharcada, poluída e disputada. Espero que nossos caminhos continuem juntos assim, entre várias goladas, caminhadas e risadas, por quanto tempo for possível.

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Marcela Mazetto

Jornalista, feminista, emputecida e exercendo a expressão no limite (ou não).